Mostra Manga de Vento volta à cidade com a apresentação do espetáculo A Projetista, de Dudude Herrmann, nesta quinta (30/04)

manga de vento

Nesta quinta-feira (30/04), a Mostra Internacional Manga de Vento retorna à Pirenópolis com a terceira apresentação do seu circuito itinerante, às 20h, no Teatro Sebastião Pompeu de Pina. Dessa vez, o público terá a oportunidade de assistir ao espetáculo A projetista, da mineira Dudume Herrmann. O trabalho inscreve-se na fronteira da dança e do teatro. O evento, aprovado pelo Fundo Estadual de Arte e Cultura, conta com o apoio local da Secretaria Municipal de Turismo, e das empresas Pé di Café e Taki Restaurante Japonês.

Em plena fase de maturidade artística, Dudude segue com  o espetáculo “A Projetista”, ou melhor, um desejo de espetáculo estreado em setembro de 2011 no 1,2 na Dança em Belo Horizonte. Em cena, a intérprete disserta todo o tempo sobre o seu possível e próximo projeto artístico. Ela projeta no espaço sempre um pouco mais adiante. Cada insinuação de dança ou pensamento são novas ideias e vontades que brotam de uma mente e corpo inquietos. “Este novo trabalho talvez seja um desabafo, um manifesto, de mais um artista criador de nosso tempo, frente aos mecanismos para se viabilizar a cultura e a arte”, diz.

Para Dudude, o artista-projetista se tornou um sintoma contemporâneo que começou nos anos 90, quando toda uma geração criadora passou a mudar a postura em relação ao mercado, organizando-se frente às exigências solicitadas, suprindo demandas e, ao mesmo tempo, tornando-se refém. Este trabalho nasce de experiências adquiridas ao lidar com os mecanismos vigentes de viabilização da cultura e da arte, cada vez mais amarrados às prestações fiscais, engessados por um controle exato.“A cultura se transformou em um bom negócio, mas para grandes empresas e instituições. Pergunto: e aquele que trabalha no campo do pequeno, que é apenas uma pessoa artista inserido no campo da curiosidade, da descoberta, da provocação?, questiona a artista.A Projetista estreou no Festival 1, 2 na dança em BH em setembro de 2011, e em março de 2012 cumpriu uma mini temporada também em BH, obtendo um retorno sensível por parte do público. A Projetista participou de festivais por varias capitais e cidades do Brasil como  São Paulo, Santos, Salvador, Natal ,Recife, Brasilia, São Luiz do Maranhão, Manaus, Uberlândia, Ouro Preto entre varias outras

PROCESSO DE CRIAÇÃO

A construção de “A Projetista” obedeceu as fases por onde passa normalmente o desejo de montagem de alguma coisa: Fase 1 Projeto, Fase 2 Processo e Fase 3 produto. Essas três experimentações foram apresentadas com a intenção de compartilhar o processo do espetáculo com o público. As apresentações aconteceram em Brasília e Belo Horizonte.

A ideia de montar o espetáculo “A Projetista” nasceu exatamente no momento em que Dudude encerrava as atividades de seu estúdio e de sua companhia BenVinda, em Belo Horizonte, e se preparava para uma fase de construção de novos modos operantes de trabalho: a palavra de “ordem” ou “desordem” é simplificar. Assim, Dudude se rende ao seu tamanho natural e se torna uma artista autônoma, reaprendendo a administrar a liberdade de uma pessoa só. Agora ela começa a buscar outras formas de financiar seus desejos e faz as próprias escolhas, como por exemplo, entrar ou não em editais. Em 2010, ela sinaliza uma primeira tentativa com a fundação de um Atelier, que já nasce com esse propósito independente, prezando o encontro, o compartilhamento, a troca, o fomento e a criação.

Depois do primeiro pontapé chega a hora de por em prática “A Projetista”. Dudude se propõe a trocar de lugar e ser dirigida. A última vez que assumiu a função foi em 1995, no espetáculo Iphigenia, que teve direção de Adyr Assumpção. Dessa vez, Dudude convidou Cristiane Paoli Quito de São Paulo, diretora da Cia Nova Dança 4. A artista e Quito compartilham diversas afinidades no pensamento da arte contemporânea. “Ser dirigida por Quito é um desejo antigo, que agora se realiza”, explica Dudude. Outro bom retorno foi com Lydia Del Picchia, do Grupo Galpão, que assume a assistência de direção. As duas trabalharam juntas no Grupo TransForma, extinto em 1985, e nas produções independentes “Bing” da Cia Absurda, em 1988. Reflexões do Gesto tendo Lydia como bailarina.

Para a construção desse trabalho, a artista bebeu em fontes geradoras de potência, poetas e pensadores que alimentam e fazem lembrar do poder de imaginar, da liberdade e da simplicidade. Por exemplo, Leonardo DaVinci que viveu como um verdadeiro projetista. Henry D. Thoreau preocupado com a direção que o mundo tomava, com a vida dos rios, montanhas, bichos. Gibran Kahlil com seus poemas de autonomia e liberdade; Fayga Ostrower com sua delicadeza de entender a arte, a simplicidade de Tolstoi com suas histórias que revelam caráter e coragem Marcel Proust uma viagem na existência humana entre vários outros.

SINOPSE

Em um projeto não existe nada alem de um enorme espaço vazio a ser ocupado, sua nutrição é a vontade, o desejo de existir, de voar. A Projetista transita por terrenos áridos, secos, desnutridos, muito rasos. Todos repletos e plenos de possibilidades de construção, onde só a imaginação alcança. Ela se utiliza do nada para preencher o vazio do mundo. Projeta-se no espaço um pouco mais a frente….

São lançados ao vento ideias, vontades, propostas a todo instante enquadradas no formato a4. A projetista discute, conversa, questiona, pergunta, e sinaliza este vazio e este modo operante de controle da arte e cria uma habilidade que não pertence a sua alma.

A arte serve para quê?

A arte existe para quem?

Sintomas e retratos de aparecimento da sociedade do controle, arte é sim experimento, voos cegos, criações espasmódicas, hilariantes, irreverentes, inusitadas e necessários para com o frescor e sentido na existência

Religare

Mas como nos tempos de hoje adquirir o principal alimento da arte

Liberdade

A projetista sonha, ri, gargalha, sofre, espanta e esperneia com as exigências solicitadas, e sabe que no mundo do faz de conta as coisas se tornam verdadeiras de um brilho absolutamente real, mas ela também sabe que tudo é efêmero

Uma ode a sensibilidade

Uma memória de futuro tenso e duro

Uma esperança

Que venha a renascença contemporânea!

FICHA TÉCNICA

Concepção e Interpretação: Dudude

Direção: Cristiane Paoli Quito (SP)

Assistência: Lydia Del Picchia

Figurino: Marco Paulo Rolla

Costureira: Mercia Louzeiro

Trilha Sonora: Natalia Mallo & Danilo Penteado

Desenho de Luz Bruno Cerezoli

Tecnico de luz: Bruno Cerezoli ou Pedro Amparo ou Wellington Santos

Captura de imagem e vídeo Joacelio Batista e Frederico Herrmann

Suporte técnico de som e imagem Frederico Herrmann

Cenotecnico: Helvécio Izabel

Produção: Patricia Imaculada de Matos

Agente:Jacqueline Castro

EQUIPE

Dudude

Bailarina, improvisadora, coreógrafa, diretora de espetáculos e professora de dança, Dudude começou os estudos nos anos 70 e fez parte da geração do Grupo Trans-Forma BH/MG. Dirigiu seu estúdio por 15 anos com diversas atividades na área de dança e seus desdobramentos. Esteve à frente da Benvinda Cia de Dança por 16 anos. Foi bolsista do Ministério da Cultura do Brasil pelo projeto Bolsa Virtuose 2000, em residência no Centro Coreográfico de Orleans. Em 2003/2004 desenvolveu seu projeto “Poética de um Andarilho – a escrita do movimento no espaço de fora” viabilizado pelas Bolsas Vitae de Artes.No ano de 2012 celebra 40 anos de caminho artístico e  lança seu livro “Caderno de Notações- a poética do movimento no espaço de fora” Ministra cursos e oficinas no campo da produção de sensibilidades. Desenvolve parcerias criativas com artistas de diversos campos de expressão dentro e fora do país. Atualmente trabalha em seu Atelier onde promove ações pontuais focados na arte contemporânea. Dudude segue trabalhando interessada e curiosa em assuntos de arte/vida.

Cristiane Paoli Quito

Começou a trabalhar com arte em 1977. Desde então atuou como diretora, criadora, realizadora, atriz e produtora. Sócia-fundadora da Pimba Produções artísticas e diretora da Cia. Nova Dança 4. Projeta-se na cena teatral paulista nos anos 90, com seus espetáculos que trazem as técnicas e referências da commedia dell’arte. Poucos anos depois, volta-se para a dança, e desenvolve linguagem própria, com foco na pesquisa sobre a dramaturgia do intérprete improvisador. A partir de 1996 une-se a Tica Lemos e cria a Cia. Nova Dança 4. Já recebeu diversas indicações e levou: o Prêmio SHELL (2004) de melhor direção e melhor espetáculo, Prêmio do Governador do Estado de São Paulo para a Cultura por melhor espetáculo de dança (2010), entre outros. Foi contemplada pelo Bolsas Viatae de Artes (2001) e participou de Festivais nacionais e internacionais, como Festival Nacional de Teatro de Cutiriba, Curta Dança Nacional e São José do Rio Preto, Festival Internacional de Dança, Festival de Comédia da

Lydia Del Pichia 

Atriz, bailarina, coreógrafa e diretora. Formada pelo extinto Trans-Forma – Centro de Dança Contemporânea. Participou de diversos grupos de dança, tais como o Trans-Forma, Cia. de Dança do Palácio das Artes e Grupo 1º Ato. Atriz do Grupo Galpão desde 1994 é também Coordenadora Pedagógica do Galpão Cine Horto desde 2004.

Natalia Mallo

Cantora, compositora, instrumentista e produtora musical. Integra a cia Nova Dança 4, sob direção de Cristiane Paoli Quito, com a qual se apresenta executando trilha sonora ao vivo, pesquisando a improvisação como linguagem, nos espetáculos “Palavra, a poética do movimento”, “Vias Expressas” e “Experimentações inevitáveis”. Trilha sonora ao vivo do espetáculo “Seis sentidos” de Diogo Granato. Trilha sonora original do espetáculo “Quem Nunca” de Renata Melo. Trilha sonora original do espetáculo “E eu disse:” de Letícia Sekito. Trilha sonora original do espetáculo “Joy Lab Research”, de Alito Alessi. Direção musical do projeto Danceability (oficinas de dança com patrocínio do banco Itaú), para o Núcleo Dança Aberta. Canção orginal para a trilha sonora do espetáculo “Lucíola”, de Patricia Noronha.Trabalhos com teatro: Trilha sonora original do espetáculo “Sangue de Boy” de Marcelo Diniz, dirigido por Klaus Novais. Trilha sonora original da peça “De4” de Gustavo Machado. Direção musical e trilha sonora da trilogia “Aviso Sidereo” de Marcelo Romanholi, composta dos espetáculos “Paixões da Alma”, com Claudia Missura; “Tratado do Nada”, com Luciano Bortoluzzi e “Sistema do Mundo”, com Marat Descartes. Trilha sonora do espetáculo “Quem Nunca” de Renata Melo.

Mais Informações:

www.dudude.com.br

www.coisasdedudude.blogspot.com.br

dudude@dudude.com.br

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